[A Pain Quotidien da Fuencarral (©joão miguel simões, todos os direitos reservados) é mais do que uma padaria e pastelaria (foto de divulgação)] |
Não é, faz tempo, uma novidade; foi mesmo a primeira casa da rede belga a abrir as portas, mas é a geografia afectiva — e quem me lê com alguma regularidade sabe que eu gosto deste conceito — que me leva a partilhar um endereço a que sempre volto quando estou por Madrid.
Dias atrás, descobri que já existe uma segunda Pain Quotidien na coquette Calle Serrano, que se livrou de vez (até à próxima) das obras, mas, confesso, eu sou mais a Pain Quotidien da Fuencarral, numa das esquinas mais movimentadas do bairro louco de Chueca.
[A cafetaria fica numa sala à parte da loja de atendimento ao público (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
O conceito mistura pastelaria, padaria, loja gourmet e café, o que não é nada de mais, eu sei. Mas tem assunto (e argumentos) para ser um perfeito porto seguro ao longo da jornada — pois além da enorme variedade de pães e bolos de fabrico próprio, possui fórmulas práticas, saudáveis e descomplicadas para um almoço ou jantar relaxados. Ainda assim, o que eu gosto mesmo é de tomar aqui o pequeno-almoço, já fora de horas, coisa que a maioria dos hotéis — até mesmo em Madrid, onde teimam sempre em comer mais tarde do que no resto do mundo — não permite.
[A Pain Quotidien também serve almoços e jantares (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
A cadeia Pain Quotidien foi fundada pelo chef Alain Coumont, que no início só queria produzir pão rústico e de boa qualidade para servir no seu restaurante, mas depressa não só alargou o conceito, como o exportou. Em Espanha, como noutros países, com muito bons resultados, diga-se
[A madeira usada foi toda recuperada para fazer jus à proposta ecológica do lugar (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
No endereço da Fuencarral, agrada-me a profusão de madeira — do soalho, ao balcão, às mesas, às cadeiras... —, o que lhe dá um ar aconchegante, o tom moderado das conversas (ao contrário de outros cafés espanhóis, aqui não se fala vários decibéis acima do socialmente aceitável), as revistas à disposição quando me esqueço de levar as minhas, as ardósias com as ementas do dia escritas giz, o serviço eficaz (já li algumas queixas a este respeito, mas eu não tenho do que reclamar) e a possibilidade de ficar no meu canto, tranquilo, se for isso que me apeteça naquele momento.
[O meu último desayuno por ali (©joão miguel simões, todos os direitos reservados) |
Há também uma preocupação ecológica que me agrada, porque é exercida sem estardalhaço e não é só para inglês ver. A madeira dos móveis é recuperada, as lâmpadas de baixo consumo energético, o papel é reciclado, aboliu-se o uso da farinha e trabalham, sempre que possível, com produtos e produtores orgânicos.
[Scone de aveia integral, muito bom! (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
Como cafetaria não é das mais baratas, mas, dentro da sua proposta, também não cobra nada por ai além do razoável —pelo meu último desayuno, com café cortado doble (uma grande taça de café com leite, a nossa meia-de-leite), iogurte biológico de frutos vermelhos e um scone de aveia integral com compota e queijo fresco, paguei cerca de €10.
[Iogurte biológico de frutos vermelhos (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)] |
E tem uma boa variedade de opções, pois há sempre sumos naturais, tortas doces, quiches salgadas, croissants, umas deliciosas rabanadas de pão de trigo que podem levar um pouco de tudo por cima (presunto, ovos, queijo brie, salada de frango de caril, roast beef....), granola... Para mim, chega e sobra.
Calle Fuencarral, 95, Chueca, Madrid/Espanha, tel. +34 91 593 0939, de seg. a qui., entre as 08.00 e as 00.00; às sex., entre as 08.00 e a 01.00; aos sáb., entre as 09.00 e a 01.00; aos dom., entre as 09.00 e as 00.00