19.7.11

#hotéis: ponta do sol, o outro lado da madeira

[Localização dos dois hotéis na vila da Ponta do Sol, na costa sul da ilha da Madeira; abaixo: detalhe de um dos quartos da Estalagem (fotos de divulgação)]
Um artigo recente para a edição de Agosto da revista Evasões, obrigou-me a puxar pela memória e a relembrar uma viagem que fiz há tempos no arquipélago da Madeira.

Na costa sul, a meia-hora do centro do Funchal, a Ponta do Sol tem feito um percurso até certo ponto notável na última década, passando de vila esquecida a lugar incontornável para quem quer descobrir a “outra” Madeira, a que encontrou caminhos para lá do turismo de massas.

[A arquitectura reveladora da Estalagem (foto com direitos reservados)]

Para isso contribuiu, e muito, o aparecimento da Estalagem da Ponta do Sol, inaugurada oficialmente em Abril de 2001. Com um projecto inovador para a época, e sobretudo para um local associado aos antigos engenhos de açúcar, o projecto da estalagem partiu da necessidade de se moldar a uma localização não tão óbvia assim, no cimo de um promontório, e de fazer conviver, de forma integrada e harmoniosa, os edifícios já existentes da Quinta da Rochinha com novos volumes essenciais à prática hoteleira.

[A estrutura de betão e aço que faz a ligação entre os dois níveis da Estalagem (foto com direitos reservados)]

Tiago Oliveira foi o arquitecto escolhido. Entre as várias soluções engenhosas encontradas para driblar as dificuldades, destacou-se a construção de uma ponte em betão armado e ferro para ligar, através de elevadores, a casa antiga (que acolheu, em épocas diferentes, feitores e praticantes de ioga) a um plano superior do terreno onde ficaram instalados os 54 quartos, a piscina, o jardim, o restaurante ou o bar.

[A piscina exterior foi uma das áreas que cresceu e melhorou com os anos (foto com direitos reservados)]

Apostou-se numa estética simples, sem excessos, que tira o máximo partido das linhas geométricas (os blocos de apartamentos são rectangulares e dividem-se em colunas horizontais e verticais com vários cubos que correspondem às varandas de cada quarto), das paredes brancas, das grandes janelas e do chão em pedra negra ou em madeira clara para fazer sobressair o que realmente importa: a paisagem, num raio total que vai da Calheta ao Cabo Girão.

[Piscina interior da Estalagem (foto de divulgação)]

André Diogo, o director, assumiu sempre que esta foi feita de acordo com o gosto e possibilidades dos seus proprietários, mas que teve sempre presente a meta de ser um hotel-design, por um lado, e a preocupação da comodidade dos seus hóspedes, por outro lado. No exterior optou-se por respeitar a identidade da casa antiga, que faz jus à génese madeirense com o chão empedrado e o mobiliário de verga no alpendre, e por assumir a ruptura na parte nova, onde são marcantes o vidro, o aço e o alumínio. 

[O restaurante da Estalagem (foto de divulgação)]

Nos interiores, uma maior uniformidade foi conseguida com recurso a várias réplicas de peças de designers como Philippe Starck, Charles & Ray Eames ou Achille Castiglioni, investimento em obras plásticas de artistas contemporâneos e uma parceria bem sucedida com Carvalho Araújo, antigo colaborador do arquitecto Siza Vieira, que assinou o mobiliário dos quartos e do restaurante.

[Hotel da Vila em primeiro plano, ao fundo, sobre o promontório, a Estalagem da Ponta do Sol]

[Recepção do Hotel da Vila]

Testado o modelo, os proprietários da estalagem sentiram-se confiantes para abraçar um novo projecto, também na vila. Há muitos anos que se falava na conversão da antiga cadeia em pensão ou hotel de charme, mas foi só o ano passado, em Abril, que o Hotel da Vila abriu as suas portas. Mais acessível do que a estalagem, o hotel não é por isso menos “estiloso” e assegura aos hóspedes o acesso à piscina e a outras áreas comuns da estalagem.

[Um dos quartos mais amplos do Hotel da Vila]

[Outra perspectiva do mesmo quarto]

Com os pés bem firmes na vila, de frente para o mar, o Hotel da Vila, com apenas 16 quartos, restaurante e bar, tem o traço do arquitecto Duarte Caldeira. No seu design, despretensioso, assumiu e incorporou materiais e referências locais, como a pedra, a madeira e a palha (usada nas cabeceiras das camas).

[Bar e restaurante do Hotel da Vila]

O conceito brinca ao “rural-chique”, inclusive com peças recicladas, ao mesmo tempo que não abdica de uma leitura mais clean, com recurso  ao humor e a peças, sobretudo utilitárias como os candeeiros, as mesas e demais mobiliário, assumidamente modernas.

Estalagem da Ponta do Sol, Quinta da Rochinha, Caminho do Passo, 6, tel. 291970 200, diárias por pessoa em quarto duplo desde $60
Hotel da Vila, rua Dr. João Augusto Teixeira, Ponta do Sol, Madeira, tel. 291 973 356, diárias por pessoa em quarto duplo desde €35

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