4.7.11

#directo de madrid: brunch de fim-de-semana em malasaña


[Manuela Malasaña num pacato sábado em início de tarde (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]


Quem parou nos primeiros filmes de Almodóvar talvez julgue ser fácil encontrar em Madrid as mesmas ruas canalhas, os mesmos bares esconsos e as mesmas cenas de faca e alguidar que ajudaram a colorir a porção mais rasteira da movida madrilena. 

[Esquina da Manuela Malasaña com a Ruiz vista do Nina (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Acontece que o auge da movida se deu na década de 1970, no então decadente bairro de Malasaña, animado por um “vale tudo” que permitiu trazer à tona uma nova iconoplastia popular, assumidamente kitsch, assumidamente folclórica, com Almodóvar e companhia (Rossy de Palma, por exemplo, tinha uma banda na época, os Peor Imposible) na proa.

[O interior industrial-chic do Nina (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Desses loucos tempos restam bares como o La Vía Láctea (C/ Velarde, 18), mas Malasaña, muito ligado à vida universitária, é hoje, sobretudo durante um dia, um bairro familiar que gravita em torno da praça Dos de Mayo (esta, à noite, verdade seja dita, converte-se num bar alternativo a céu aberto) e de ruas como Manuela Malasaña, que junta no mesmo passeio vários restaurantes, bares e até um teatro.

[O brunch começa com um sumo natural de fruta à escolha, cesta de pães, compotas, queijo-creme, paté, dois tipos de manteiga e compotas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

De todos, o meu preferido é o Nina. Descobri-o, há coisa de dois anos, quando andava a passear por aqui e, já perto da hora de jantar, me deixei encantar pelos seus pendentes luminosos nas grandes janelas que dão para a rua.

[Ao que se junta o café, como se quiser, e o iogurte natural ou de frutas (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Só depois dessa noite, que se revelou uma escolha mais do que certeira (pelo custo/benefício, pelo bom ambiente e comida saborosa), vim a ler sobre o Nina e constatei tratar-se de um valor seguro do bairro.

[Como prato à escolha, ovos Benedict (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

Desta vez, aproveitei que serve um brunch aos fins-de-semana e feriados, entre as 12.00 e as 17.30, para fazer render a preguiça do meu sábado por aqueles lados. As duas salas do restaurante, separadas pelo bar, são amplas e luminosas, com uma decoração industrial-chic (tijolos nas paredes, canos à vista, vigas de ferro...), toalhas de pano nas mesas e uma clientela familiar. Há sempre mais madrilenos do que turistas.

[no final, quando julgamos não sobrar espaço para mais nada, ainda vêm os doces (©joão miguel simões, todos os direitos reservados)]

O brunch, que sai por €21,90/pessoa (mas não pedem um cêntimo a mais por repetir o sumo ou pedir outro café), não tem nada de muito extraordinário ou fora do comum, mas é farto, dispõe bem e vale o que custa. Cesta de pães, sumo natural, café como se quiser, dois tipos de manteiga, queijo-creme e paté, iogurtes, selecção de pastelaria e um prato à escolha. Elegi os ovos Benedict, que até não estavam um delírio, mas confirmei que, decididamente, o Nina é, para mim, um porto seguro em Madrid.

C/ Manuela Malasaña, 10, Madrid/Espanha, tel. +34 91 591 0046, todos os dias, brunch as sáb., dom. e feriados, entre as 12.00 e as 17.30

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