29.8.12

#gastronomia: bistronomia. isso mesmo, bis-tro-no-mia, a palavra que cada vez mais se soletra entre tachos e panelas de paris

[Yannick Alléno no seu "bistronómico" Terroir Parisien (foto com direitos reservados)]


A onda dos bistronomiques (bistrôs gastronómicos), mesmo não sendo mais uma novidade absoluta, soma e segue. Sobretudo em Paris, onde cada vez mais chefs estrelados estão a aderir à “moda” de servir pratos simples com toque de alta cozinha.  

A mais popular rede social de partilha de fotografias — eu que o diga, totalmente viciado —, o Instagram, já fez saber que, não importa a latitude e longitude, a comida é uma das maiores obsessões da humanidade no presente. 

A crise na Europa tem feito os seus estragos na restauração, é certo, mas também fomentou a criatividade e a procura de alternativas. 

É o caso dos bistronomiques, que é como quem diz bistrôs gourmet — movimento ainda relativamente recente, foi assim batizado pelo crítico gastronómico francês Sébastien Demorand para designar pequenos restaurantes, de ambiente informal e convivial (um pouco à imagem das nossas tascas finas), onde se pratica uma cozinha de alto nível e técnica, mas servida a preços mais razoáveis (entre 35 a 45 euros por pessoa, sem bebidas, num jantar de três pratos). 

Espanha e a Grã-Bretanha aderiram à “moda” (logo, logo publico aqui as minhas mais recentes descobertas em Londres), mas é em França, sobretudo Paris, que a “bistronomia” está ao rubro. 

[Do País Basco para Paris, Iñaki Aizpitarte ao comando do premiado Le Chateaubriand (foto com direitos reservados)]

Tudo isto porque depois de pioneiros como o chef François Pasteau (do L’Epi Dupin) ou o chef basco Iñaki Aizpitarte (do Le Chateaubriand), só para citar os mais óbvios, vários outros peso-pesados (estamos a falar de chefs que ostentam ou já ostentaram estrelas Michelin) estão a engrossar a lista de bons endereços “bistronómicos” na capital francesa.

[O ambiente cool do Terroir Parisien (foto com direitos reservados)]

À cabeça surge o nome de Yannick Alléno, três estrelas Michelin no celebrado restaurante do hotel Le Meurice, que abriu o Terroir Parisien, quase sempre lotado graças a propostas como o Boeuf Sauce Bercy (servido com batatas fritas crocantes) ou hot dogs como o que leva salsicha cozida em caldo de legumes com um molho à base de ovos, azeite, mostarda e picles. 

[Anne-Sophie Pic prestes a inaugurar o Madame Pic em Paris (foto com direitos reservados)]

Seguem-se Anne-Sophie Pic, a única mulher a ostentar três estrelas Michelin na sua Maison Pic (20, rue du Louvre), que abriu o Madame Pic em setembro (pratos como lagostins ou vitela com batatas ratte); Alain Solivérès, duas estrelas Michelin no Taillevent, que também chefia Les 110 de Taillevent, com um forte acento vínico — a ideia é que se possa degustar 110 vinhos que fazem parte do acervo do Taillevent, mas a copo, sendo que cada um dos cerca de 30 pratos servidos poderá ser maridado com quatro vinhos à escolha, entre os três e 25 euros, em unidades de sete ou 14 cl.  — e, por fim, Antonin Bonnet, que tinha duas estrelas no the Greenhouse, que arrisca a sua reputação no Le Sergent Recruteur (41, rue Saint-Louis-en-L’île), com um menu sazonal. 

Diz quem sabe, e eu acredito até certo ponto, que a procissão vai só no adro.
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