Lançado em simultâneo pela editora Phaidon em vários países, Portugal incluído, Where Chefs Eat apresenta-se como “o” guia de restaurantes feito por quem realmente percebe da coisa. Afinal, quando não estão nas suas cozinhas onde é que os chefs gostam de comer?
A ideia não é exatamente nova.
Já foi feito e até Ferran Adrià, o chef dos chefs, teve uma incursão nesse campo quando, recentemente, lançou o livro The Family Meal onde se propôs a desvendar as receitas, divididas por diferentes sugestões de menus, que a equipa do já mítico elBulli gostava de comer no seu dia a dia — porque aquilo que serviam, e tanta tinta fez correr, não era, nem nunca pretendeu ser, comida para todos os dias.
A diferença é que nunca antes, como agora, alguém – neste caso uma vasta equipa da editora Phaidon liderada pelo food writer Joe Warwick — se propôs a fazê-lo de forma tão exaustiva e com tantos contributos preciosos. E numa época em que muitos chefs ascendem ao estatuto de superstars e tudo o que fazem, dizem e comem é escrutinado à minudência por uma legião cada vez mais numerosa de fãs, o timing da publicação (ainda para mais à escala planetária) não poderia ser melhor.
Ao contrário de outros guias de restaurantes, neste, e tirando proveito da lógica cada vez mais incutida pela partilha nas redes sociais, as mais de duas mil recomendações, arrumadas geograficamente e numa variedade que vai do bom e barato ao muito caro e incontornável, não resultaram de uma avaliação de críticos especializados ou de qualquer um outro critério de classificação.
Elas simplesmente expressam as preferências de mais de 400 chefs que, quando inquiridos onde gostavam de comer, não se fizeram rogados a abrir o seu mapa da mina.
E quem no seu juízo perfeito — a menos que sofra de alguma aversão ao tema — não sente pelo menos curiosidade em saber onde comem alguns do que são hoje considerados os melhores chefs do mundo — e estamos a falar do dinamarquês René Redzepi, do italiano Massimo Bottura, do francês Pierre Gagnaire, do britânico Heston Blumenthal, do coreano-americano David Chang, do espanhol Adoni Luiz Aduriz ou do brasileiro Alex Atala, só para citar um punhado?
No caso de Portugal, quem faz as honras da casa, com indicações pessoais de norte a sul (mas é Lisboa que merece um capítulo à parte), são os chefs Alexandre Silva, Luís Baena, José Cordeiro, José Avillez. Miguel Castro e Silva, Henrique Sá Pessoa, Fausto Airoldi, Vítor Sobral, Ljubomir Stanisic e restaurateur Olivier da Costa.
Surpresa ou não, os dois restaurantes lusos com mais recomendações são a Bica do Sapato e a Cervejaria Ramiro...
Aliás, e como sempre acontece, este guia não está isento de críticos. Mal saiu houve quem não perdesse tempo a apontar a relativa previsibilidade de algumas escolhas, as informações demasiado sucintas ou até alguns erros geográficos de palmatória.
Mas, no geral, e pese as falhas, Where Chefs Eat cumpre aquilo a que se propôs e serve já de fiel escudeiro a muito bom garfo trota-mundos.
Em Portugal, este guia encontra-se à venda na Fnac, por exemplo, ao preço de € 21,15
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