O timing não podia ser melhor.
Ser jurado do concurso "MasterChef" deu-lhe maior visibilidade junto do grande público e a estrela Michelin conquistada para o restaurante Feitoria, em Lisboa, na edição de 2012 dedicada à Península Ibérica desencadeou, em praticamente todos os quadrantes, uma reação de agrado, como que a dizer "já não era sem tempo".
Da estrela — das estrelas, na verdade, pois esta não foi a primeira que conseguiu —, já falei aqui, mas o chef José Cordeiro está de livro novo e isso merece um post.
[José Cordeiro como júri do concurso televisivo "MasterChef" (foto de divulgação)] |
Em tantos anos de carreira, esta é, acredite-se ou não, uma estreia. "As Minhas Receitas Para Cozinheiros Amadores" é o primeiro livro do Chefe Cordeiro (Edições do Gosto, 210 págs., €19,90, à venda nas livrarias e no site da editora) e traz 52 receitas que o mesmo fez questão de testar na sua cozinha.
Se na forma, por comparação a outras edições nacionais e internacionais similares lançadas recentemente, o livro de Cordeiro peca por não arriscar mais, já no conteúdo é de saudar o critério de seleção (mais do que dividir apenas as receitas em entradas, peixes, carnes e sobremesas, Cordeiro agrupa-as também por produtos da sua predileção como o polvo do Algarve, o café, os tremoços ou a Pêra Rocha do Oeste), a sua acessibilidade (as receitas são ilustradas nos passos mais importantes e há indicações claras quanto a tempo de preparação, número de pessoas, grau de dificuldade e custo) e o foco assumido na cozinha portuguesa.
[Bife à café em espeto "on the rocks", uma das receitas do livro, em parceria com a Nespresso (foto de divulgação)] |
Conhecido pelo seu apego às boinas, Cordeiro nasceu em Luanda, Angola, mas diz-se transmontano dos sete costados — e Trás-os-Montes, e as coisas boas desta região como os enchidos ou o Bísaro, está em destaque no livro. Viveu um largo período fora de Portugal, mas é um dos defensores mais ferozes da cozinha de matriz lusa. Por isso mesmo, no livro que chegou faz muito pouco tempo aos escaparates, pode até não ser muito audacioso, mas dá um contributo de peso à mesma.
Porque são receitas equilibradas, bem executadas e fáceis de reproduzir. E também porque, no meio de toda a informação, tem a generosidade de juntar algumas receitas de colegas (como os filetes de polvo do Aleixo) ou de partilhar dicas úteis como a de cortar as pontas dos tentáculos do polvo para evitar que este encolha ao cozer.